Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
Se esse fosse um filme genérico de terror, até daria para aproveitar o entretenimento proposto, com os sustos fáceis causados por contorcionistas sombrios, as diversas ambientações (necrotério, quartinho de relíquias satânicas, subsolo labiríntico, floresta noturna, etc) e o fiapo genérico de roteiro (que envolve um personagem “improvável”, que você acha que é amigo, mas não é exatamente assim). Ou seja, A Ordem do Demônio tem exatamente o mesmo enredo de O Chamado 3 e outras centenas de filmes.
E por mais que Michael Chaves (do decente A Maldição da Chorona) seja um herdeiro direto de James Wan, ele não é James Wan. Certamente realiza boas sequências de horror e sustos, incluindo aí técnicas mais ousadas de delírio narrativo (como o espelhamento proposto no clímax, que causa certa vertigem).
Tecnicamente bem feito, A Ordem do Demônio erra fatalmente ao descaracterizar completamente a franquia, ainda mais após dois excelentes filmes. Mesmo que inspirados em eventos reais, os longas anteriores buscavam o equilíbrio entre manter os pés no chão e levantá-los na hora certa durante uma possessão, mas sempre consciente de que o escape para o fantástico ocorresse somente pontualmente.
Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
Chaves e os roteiristas David Leslie e Johnson-McGoldrick parecem não compreender isso, executando momentos inacreditáveis (e cafonas e clichês) com o casal Warren, que parecem retirados de qualquer outro filme genérico do gênero, mas não do que havia se construído até ali.
Então é zumbi de um lado, satanista misterioso do outro, vários arroubos super-heróicos (Lorraine vira Jean Grey, enquanto Ed se torna Thor), entre outras escolhas inacreditáveis de roteiro. Vera Farmiga e Patrick Wilson estão ligados no piloto automático e o caso real de Arne Cheyenne Johnson (que até é pincelado aqui e ali), vai ficando cada vez mais distante dos fatos, encerrando assim, essa que quase poderia ter sido uma trilogia impecável nos cinemas. Quase.