MANIAC, um mergulho cerebral experimental
Você toparia ser uma cobaia?
![](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Maniac_Capa-780x405.png)
MANIAC experimenta diferentes linguagens narrativas, para entregar um produto supostamente ousado, mas que conta uma história universal.
A trama gira basicamente em torno da ideia da criação de um medicamento que cure os maiores traumas das pessoas, supostamente resolvendo seus problemas e tornando-as psicologicamente mais funcionais. Embalado por uma estética inesperada de retro-futurismo improvável, misturando Black Mirror com Stranger Things, MANIAC mira seus holofotes em Owen, um homem com esquizofrenia paranoide; e Annie, diagnosticada com transtorno da personalidade borderline. Através das experiências, eles viajam para mundos de máfia, de fantasia com elfos e até de cultos secretos, o que ajuda a tornar o conteúdo mais palatável para o grande público, que não exatamente é o alvo do enredo.
![Jonah Hill e Emma Stone em um momento "oitentista" da série](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Maniac_Jonah_Emma_80s.jpg)
Um ótimo elenco, mas com ressalvas
Com delicadeza e respeito aos seus protagonistas, MANIAC se revela tão lúdica quanto melancólica, entregando alguns dos melhores papéis nas carreiras de Jonah Hill e Emma Stone. Enquanto ele vai gradualmente abrindo o perfil de seu bizarro personagem, de maneira intimista e contida, ela chuta o balde com uma figura perturbada e lutuosa. Ambos são cheios de nuances e complexos o suficiente para sustentar a história, que pode parecer complicada a primeira vista, pelo menos finca-se melhor no chão graças aos seus personagens.
Algo oposto acontece com o restante do elenco, construído de maneira propositalmente absurdista, neste drama que também é uma comédia de erros. Dessa maneira, Sally Field e Sonoya Mizuno caracterizam duas figuras um tanto quanto pitorescas, que ornam bastante dentro do contexto, principalmente no que se refere ao laboratório. O mesmo não pode ser dito a respeito de Justin Theroux, que exagera na interpretação e perde a mão com seu Dr. James Mantleray, algo digno de Chaves, mas que nunca funciona na minissérie.
![Justin Theroux e Sonoya Mizuno](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Maniac_Justin_Sonoya.jpg)
Entre os trunfos da produção, está a direção valorosa de Cary Fukunaga (que brilhou em True Detective e logo assumirá o novo Bond), a fotografia simétrica e delicada de Darren Lew, além do roteiro do criador Patrick Somerville, inspirado em uma série norueguesa, aqui também pontuada por um fortíssimo humor negro, que funciona do começo ao fim.
![Sally Field também dá as caras na mini-série](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Maniac_Sally_Field.jpg)
Maniac é uma experiência inusitada
Abrindo oportunidades para o diretor trabalhar diferentes narrativas, quase como mini-curtas dentro de algo maior, MANIAC é um mosaico aparentemente inacessível, que ao avançar dos 10 episódios, vai se revelando mais compreensível ao tratar não exatamente dos problemas ou das soluções, mas focando-se na sensibilidade crível de suas figuras e a maneira como elas podem lidar com a vida imutável, no poder da escolha e da superação. Nisso, a série muito se assemelha a Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, de Michel Gondry, por isso acredito que o público seja praticamente o mesmo. Não qualquer um, apesar de tudo.
MANIAC é uma experiência curiosa, que mostra o quão plural a Netflix tem sido com suas produções, e vale uma conferida. Mas consuma com moderação.
MANIAC
Nome original: MANIAC
Elenco: Emma Stone, Jonah Hill, Sonoya Mizuno, Justin Theroux, Sally Field
Gênero: Comédia, Drama, Sci-Fi
Produtora: Anonymous Content, Paramount Television
Disponível: Netflix