METALLICA, análise de fã com direito a show no cinema

Here I go now, here I go into new days

Minha banda favorita, responsável pela tattoo no meu braço direito, está tão ativa quanto nunca, mesmo com cabelos brancos… O Metallica já lançou dez álbuns de estúdio, quatro discos ao vivo, 37 singles, 39 videoclipes e um longa-metragem lançado em 2013 nos cinemas chamado “Through The Never”. Ganhou 9 Grammy Awards e é uma das bandas de maior sucesso comercial da história, tendo vendido mais de 125 milhões de discos por todo o mundo.

Incrível, não? Mesmo porque nesses quase 40 anos de carreira, surgiram vários episódios durante a história da banda que a certificam como uma banda casca grossa, como a morte acidental de Cliff Burton

Cliff Burton

na turnê da Suécia em 86, fato que causou a primeira mudança do estilo da banda, já que Cliff era um grande articulador; o caso contra a Napster e os direitos autorais da banda; os dois álbuns desconexos que eu amo de paixão “Load” e “Reload”, cujo o som não tem nada

Jason Newsted

a ver com todo o resto da carreira nem pra trás e nem pra frente; a saída de Jason Newsted em 2001 por orgulho da banda, já que não aceitaram o fato de Jason estar participando de um projeto paralelo chamado Echobrain e o problema de alcoolismo de James Hetfield.

 

Aliás, por falar nisso…

Em 2004 o Metallica lançou um DVD chamado “Some Kind of Monster”, um documentário sobre a banda. A ideia era que fosse então apenas um making of do álbum “St. Anger”, mas acaba se tornando um reality show sobre as relações pessoais da banda. O documentário se inicia em 2001, com o processo de gravação do novo álbum que só seria finalizado em 2003 com o retorno de James Hetfield após ser internado numa clínica para tratamento de alcoolismo.

James Hetfield

Mas o problema com alcoolismo de James é antigo, além de ter sido narrado no documentário Some Kind of Monster em 2004, na música Bleeding Me do álbum “Load” de 1996, James desabafa na letra sobre o drama pessoal que sofria e essa revelação foi feita pelo próprio James, em entrevista à revista “Playboy”, em 2001. “Na época de ‘Load’, senti que queria parar de beber. Pensava: ‘talvez eu esteja perdendo algo, todos parecem estar tão felizes… também quero estar feliz’. Minha vida era planejada a partir de uma ressaca. ‘Os Misfits vão tocar na cidade nesta sexta, então sábado é um dia de ressaca’. Perdi muitos dias na minha vida”, disse.

Ele ainda complementa: “Ir à terapia por um ano me fez aprender bastante sobre mim. Há muitas coisas que te assustam quando você está crescendo, você não sabe o motivo. ‘Bleeding Me’ é sobre isso: eu estava tentando sangrar tudo que havia de ruim dentro de mim. Quando eu estava na terapia, descobri coisas feias ali. Um ponto obscuro”.

I’m digging my way to something better
Estou buscando meu caminho para algo melhor

James Hetfield – trecho do clipe Until It Sleeps

Recentemente, no dia 27/09/19 a banda emitiu uma nota em suas redes sociais, cancelando eventos pela Austrália e Nova Zelândia devido ao retorno de James ao tratamento de reabilitação. Assim, uma nota assinada por Lars, Kirk e Rob diz o seguinte:

“Lamentamos sinceramente informar nossos fãs e amigos que devemos adiar nossa próxima turnê pela Austrália e Nova Zelândia. Como muitos de vocês provavelmente sabem, nosso irmão James está lutando contra o vício por muitos anos. Infelizmente, ele agora teve que voltar a entrar em um programa de tratamento para trabalhar em sua recuperação novamente. Temos a intenção de chegar até essa parte do mundo assim que a saúde e o momento permitirem. Avisaremos assim que possível. Mais uma vez, estamos arrasados ​​por incomodar muitos de vocês, especialmente nossos fãs mais leais que viajam grandes distâncias para experimentar nossos shows. Agradecemos sua compreensão e apoio a James e agradecemos por fazer parte da nossa família Metallica. Todos os ingressos comprados para os shows na Austrália e Nova Zelândia, incluindo ações e experiências, serão totalmente reembolsados”.

Ainda esse ano James fez uma pequena participação no filme Ted Bundy – A irresistível Face do Mal, lançado em 07/2019. Ele interpreta Bob Hayward, o primeiro policial a prender o famoso serial killer. Mas essa não é a primeira participação de integrantes do Metallica em filmes. Em 2012, Lars Ulrich atuou no filme Hemingway & Martha no papel de Joris Ivens um documentarista holandês.

S&M 2

Metallica
S&M 2 – 2019

Nos dias 06 e 08/09 em celebração dos 20 anos da obra prima entre o Metallica e a Orquestra Sinfônica de São Francisco, foi gravado o S&M2, espetáculo que reune o som pesado e agressivo da banda com a arte da música clássica. O lançamento ao público geral será hoje, 09/10, nas salas de cinema. No elenco temos: James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammet, Robert Trujillo e Sinfonia de São Francisco com Michael Tilson Thomas e regência de Edwin Outwater.

Fui conferir de antemão essa belezinha e vou lhes contar qual foi minha avaliação do show exibido na tela do cinema. Antes da pancadaria sinfônica, o filme apresenta o projeto social do Metallica, chamado AWMH – All Within My Hands Foundation. A Fundação tem como objetivo a criação de comunidades sustentáveis, apoiando a educação da força de trabalho, a luta contra a fome e outros serviços locais críticos. Portanto, todos os fundos arrecadados são doados para várias instituições de caridade nacionais e locais, direcionados diretamente a parceiros de caridade.

Metallica – O SHOW

Em 1999 eu era apenas um jovem adolescente ainda conhecendo as coisas boas e ruins da vida e me conhecendo também. Na época já ouvia Metallica, já era fã, mas não era um doente como sou hoje, apenas fritava com as poucas vezes que via os clipes na MTV ou ouvia na 89 e ainda gravava em fita cassete. E foi exatamente na rádio 89 que soube do show mágico que o Metallica havia feito, tocando com uma orquestra, o S&M.

Meu irmão ouviu por acidente uma das músicas pois a rádio 89 estava passando o show inteiro e gravou na fita. Quando eu ouvi a obra produzida fiquei tão encantado quanto o Serguei ficou pela árvore que transou. (Que Deus o tenha Serguei). Indescritível! Os arranjos feitos, os instrumentos afinados 1 tom e meio para baixo, os falsetes vocais do James, pqp, simplesmente perfeito. Quer dizer, quase, porque não tocaram “The Unforgiven”.

Bom, 20 anos se passaram…

…e estou eu em uma sala de cinema, praticamente sozinho, conferindo a reprodução do S&M em nova fase, o S&M2. Não vou omitir, muita coisa mudou, afinal de contas foram 20 anos né meu chapa, e não foi só a pele enrugada dos caras e os cabelos brancos, mas EU virei adulto e com um senso crítico chato pra caraio, porque o conhecimento musical ampliou e meus ouvidos estão mais exigentes.

Então vamo lá, o show começa com as mesmas músicas do 1, sem inovação de arranjos, sem muita criatividade sonora e até no visual, com destaque para a camisa havaiana do Kirk e o boné do Lars. Nessa versão, o Metallica substitui algumas músicas (que tinham ficado bem fodas) para colocar músicas dos álbuns mais novos, deixando “No Leaf Clover”, que havia sido feita exclusiva para o S&M1. E tiraram “Human”, que era uma das minhas favoritas.

O público estava sortido dessa vez, tinha gente de tudo que é canto do mundo, porém não vi muita vibração. Aliás, nem em quem estava assistindo, porque tinha uns 4 nego de imprensa lá mas só eu tava fritando com a apresentação. A primeira parte do show eu achei normal, nada de empolgante ou de destaque, agora a segunda parte…

A SEGUNDA PARTE, A SEGUNDA PARTE MEU AMIGO…

Metallica
S&M2 – 2019

Sim a segunda parte me surpreendeu. Primeiro com as músicas executadas somente pela orquestra, os arranjos criados para a música “All Within My Hands”, “The Unforgiven III” com James só cantando e a orquestra de fundo e a surpreendente apresentação do solo de “(Anesthesia) Pulling Teeth” do “Kill ‘Em All” de 1983 composta pelo Cliff Burton feita por um dos integrantes da orquestra em violoncelo… que homenagem, coisa linda de ouvir, de se emocionar mesmo.

E por falar em emocionar, eu confesso que chorei quando tocaram “The Outlaw Torn”, me lembrei do tempo em que ouvi o S&M1 e o que o tempo fez comigo e minha banda favorita. Então a lágrima escorreu.

S&M 2 – 2019

Acontece né… é o Metallica

Nas minhas observações da banda, consegui destacar a vitalidade do Lars, tocou pra caraio e estava muito envolvido com o show (devia ter cheirado). Entretanto, meu amigo Alan, James Allan Hetfield, não estava ali. Executou todas as músicas com perfeição, mas seus semblantes demonstravam que não era o mesmo James, talvez pela maturidade dos 20 anos a mais ou já ali demonstrando os indícios que o levaram ao retorno para reabilitação.

Metallica S&M2 é um filme show que vale muito a pena assistir, está muito bonito e ainda traz algumas surpresas legais. Se você é veterano como eu, leve seu filho ou sobrinho, apresente a ele um espetáculo que ficará marcado em sua mente para toda a vida.

Metallica
S&M2 – 2019

LISTA DE MÚSICAS – S&M2

Parte 1
The Ecstasy of Gold – (Ennio Morricone cover)
The Call of Ktulu
For Whom the Bell Tolls
The Day That Never Comes
The Memory Remains
Confusion
Moth Into Flame
The Outlaw Torn
No Leaf Clover
Halo on Fire

Parte 2
Scythian Suite, Op.20, Second Movement – (Sergei Sergeyevich Prokofiev cover)
Iron Foundry – (Alexander Mosolov cover)
All Within My Hands – (with Avi Vinocur) (tour debut, acoustic)
(Anesthesia) Pulling Teeth
Wherever I May Roam
One
Master of Puppets
Nothing Else Matters
Enter Sandman

TURNÊ NO BRASIL

Já no ano que vem, em 2020, o Metallica fará a turnê mundial WorldWired. Em terras tupiniquins serão quatro shows: em Porto Alegre (21 de abril), Curitiba (23 de abril), São Paulo (25 de abril) e Belo Horizonte (27 de abril).

O Metallica hoje é uma banda de tiozão, se não bastasse o desgaste das drogas, a velhice chegou cobrando toda a potência e vitalidade do som que ficou no passado. E por falar em passado, temos uma péssima lembrança chamada “St. Anger”. Um álbum inteiro feito com a brilhante ideia do produtor Bob Rock de deixar a bateria de Lars Ulrich com som de lata. Até o Michael Jackson com o Olodum soa melhor.

Mesmo assim, com esse anseio do Metallica em se tornar POPular ao ponto de uma banda referência do Thrashmetal (pilar do Big Four, vejam vocês) tocar com a Lady Gaga, eu digo que vale a pena conferir o show desses caras, apesar que minha cadeira ficará meio longe do palco, porque só consegui a arquibancada no Morumbi, lá na casa do caralho, ou seja não vou ver porra nenhuma.

Mas não tem problema!

A expectativa é que o Metallica toque além dos principais clássicos da banda, algumas faixas do último álbum “Hardwired…to self-destruct”, lançado em 11/2016, álbum que, segundo a crítica, peca pelo excesso. Particularmente, o considero mediano. É um álbum duplo com 12 músicas ao todo (tirando as versões ao vivo), das quais só consegui aproveitar 5: “Spit Out the Bone”, “Here Comes Revenge”, ManUNkind”, “Atlas, Rise!” e “Muder One”.

Bom criançada, não posso deixar de fazer meu jabá, então vou emendar o assunto sim pra poder comentar da nossa Rádio Vitamina Nerd. A banda de Kawaii metal japonesa BabyMetal já abriu um show para o Metallica em um festival em 2013 e, olha só que legal, na programação da nossa Rádio VN toca Babymetal!

E além disso, toca muitas outras bandas e rock japonês, trilhas sonoras de games, música de aberturas de animes, tokusatsus e desenhos animados. Não quero estragar o seu dia, amiguinho, por isso termino minha ótica do evento por aqui, aproveite a vida ao máximo “Die Young”, esse é o lema, saudações Master! Masteeeer!!

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