O Monstro do Monstro de Frankenstein
Uma experiência rápida e curiosa sobre ego e metalinguagem
Em O Monstro do Monstro de Frankenstein, David Harbour conta a história de seu pai, David Harbour Jr., que foi um ator reconhecido há muitos anos por atuar na história clássica de Mary Shelley, mas que enfrentou uma crise artística que o colocou em decadência. Para tentar sair dessa maré de azar, seu pai resolve produzir uma peça de teatro, onde nem tudo sai como o planejado. Enquanto isso, Harbour produz um documentário para tentar entender o que aconteceu no passado.
Tratando-se de um mockumentary (ou seja, um falso documentário), o curta de apenas meia hora, vale-se principalmente pelo trabalho estético. As cenas filmadas da peça realmente parecem vídeos caseiros antigos, assim como a produção artística do período soa datada. O documentário no presente tem a atmosfera reconhecível por outros do gênero, onde tudo é propositalmente alcançado.
O Monstro do Monstro de Frankenstein
Com um humor negro singular, a comédia se faz mais pela linguagem gesticular, do que de outro modo, incluindo aí várias citações internas, piadas tecnológicas e referências cruzadas, além de prestar uma curioso tributo a Frankenstein e fazer uso do recurso mais do que literal da Arma de Chekhov, acentuando o caráter de ode teatral, um dos principais pontos do enredo.
Com direção de Daniel Gray Longino e roteiro de John Levenstein, o curta é realizado pela excelente A24 (a produtora com mais personalidade do mercado ultimamente, casa de A Bruxa, Hereditário, A Ghost Story, O Sacrifício do Cervo Sagrado, Lady Bird, entre outros) com a Netflix e seu queridinho ator de Stranger Things (num elenco ainda que conta com Alfred Molina, Alex Ozerov e Kate Berlant). O Monstro do Monstro de Frankenstein é uma experiência diferente de entretenimento, que valerá meia hora do seu tempo. Mas não é um programa para qualquer um.