O Cão dos Baskerville, Sherlock quase sobrenatural
Em O Cão dos Baskerville, o famoso detetive Sherlock Holmes é chamado à propriedade de Henry Baskerville para investigar uma maldição que ronda toda sua família: todos eles veem um cachorro enorme e de aparência assustadora um pouco antes de morrer.
Charles Baskerville, tio de Henry, morreu recentemente e também tinha relatado as aparições do tal cachorro. Henry, que está prestes a herdar a mansão da família, já começou a ouvir uivos sinistros e por isso, crê na veracidade da maldição.
Holmes, por outro lado, está disposto a provar que a maldição não tem nada de sobrenatural e que as mortes que rondam a família Baskerville tem uma explicação bem mais humana. O Cão dos Baskerville é um dos poucos romances a fazer parte das histórias de Sherlock Holmes. Os outros são Um Estudo em Vermelho, O Signo dos Quatro e O Vale do Terror.
O Cão dos Baskerville – Sherlock Holmes
Sherlock Holmes, personagem de Arthur Conan Doyle, é provavelmente o detetive mais famoso da literatura mundial e é certamente um dos personagens mais famosos da literatura. Sua primeira aparição se deu na revista Beeton’s Christmas Annual, em 1887, e suas aventuras rapidamente se tornariam livros, em formato de contos. Sua primeira aparição no cinema foi em 1900, no curta Sherlock Holmes Baffled. O detetive certamente dispensa apresentações.
No entanto, embora a maioria das pessoas saiba quem é Sherlock Holmes e seu nome tenha virado até um sinônimo de sua profissão, nem todo mundo de fato leu suas aventuras. As tramas que envolvem Holmes têm alguns aspectos em comum, que de certa forma, até se tornam um pouco clichê ao longo do tempo. Primeiramente porque as tramas são relativamente parecidas, embora tenham reviravoltas bem interessantes. Segundo porque muitas coisas escritas e criadas depois, beberam na fonte de Conan Doyle e como muitas vezes se tem acesso primeiro ao que é mais recente, o que é mais antigo e mais original, acaba soando repetitivo.
Todas as histórias de Holmes são basicamente histórias de suspense. Dessa forma, o detetive é chamado para investigar algum caso que, à primeira vista, parece insolúvel, mas que rapidamente se desvenda quase sozinho quando Holmes entra em cena. Tudo é narrado pelo Dr. Watson, companheiro inseparável de Holmes, que escreve as histórias depois que elas aconteceram.
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Outra característica que também está sempre presente nas histórias de Holmes é a racionalidade. Holmes é um personagem extremamente racional, quase não existe sentimento nos livros. Todas as deduções do detetive são baseadas em observações extremamente lógicas. As tramas são tão lógicas, que Holmes soa como um personagem quase irreal e ironicamente, sobrenatural, já que é dotado de tanto talento e de tanta inteligência.
E é nesse aspecto que O Cão dos Baskerville se diferencia dos outros contos e romances de Sherlock Holmes. Este livro tem muitos aspectos em comum com outras tramas de Conan Doyle, estreladas por Sherlock Holmes, como a trama de suspense e a presença de um mistério, mas o livro é diferente em muitos aspectos.
A trama
Quando Holmes é chamado para investigar o caso do cão que ronda os membros da família, ele já é avisado desde o começo que Henry, o homem que o contratou, acredita que aquela é uma trama sobrenatural. Uma maldição supostamente ronda a família Baskerville, afinal, todos seus membros, antes de falecerem, recebem a visita de um cão enorme e sinistro.
O tio de Henry, Charles, acabou de falecer, deixando a propriedade para Henry, que já começou a ouvir uivos e que teme que a sua morte esteja próxima. Holmes, no entanto, não acredita sequer na possibilidade de que tenha finalmente esbarrado em um caso sobrenatural e por isso, logo começa a investigar, na expectativa de chegar a uma conclusão lógica.
Como é comum nas tramas de Conan Doyle, não acompanhamos a investigação por si, afinal, estamos lendo o livro do ponto de vista de Watson e não é sempre que ele está com Holmes. Na maioria dos casos de Holmes, quando o detetive revela o final do caso, ele também nos explica como chegou a essa conclusão.
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Nesse aspecto, O Cão dos Baskerville não é diferente. Holmes passa a investigar o caso sozinho e o leitor é deixado com Watson, que embora tenha uma leve noção de investigação e do caso em questão, não é tão hábil quanto seu companheiro. O que diferencia este livro de outras histórias de Sherlock Holmes é que nesse caso, Conan Doyle não se preocupa em desmentir a ideia de que estamos, pela primeira vez, encarando um caso sobrenatural. Ele, inclusive, aumenta os aspectos do sobrenatural no romance.
Por isso, em determinado momento, o próprio Watson avista o tão temido cão e tem certeza que a maldição é verdadeira. O Cão dos Baskerville tem, por si só, uma trama sinistra. A mansão enorme e vazia, os barulhos que os personagens ouvem durante a noite, o cachorro que parece muito maior do que um cachorro normal e essa suposta maldição que ronda a família.
O Cão dos Baskerville tem leves semelhanças com outras obras de terror, como A Outra Volta do Parafuso e A Assombração da Casa da Colina, o que reforça essa ideia de que o livro aborda temas sobrenaturais.
Em outras mídias
Como todas as tramas de Sherlock Holmes, esta já ganhou diversas adaptações, tanto para o cinema quanto para a televisão. O romance já foi adaptado 14 vezes para o cinema, a primeira vez em 1921 e a mais recentemente, em 2002. Uma dessas adaptações, Sherlock Holmes and the Baskerville Curse, é uma animação. Em 1982, O Cão dos Baskerville virou também uma série.
É óbvio que O Cão dos Baskerville é um clássico, como boa parte das histórias de Sherlock Holmes, e é por isso que o livro ainda é adaptado e comentado. O fato dele ser diferente e, portanto, se destacar em relação a outras tramas de Conan Doyle, torna o livro ainda mais interessante.
Esta história naturalmente vai agradar os fãs de Sherlock Holmes, mas também os fãs de terror, que vão reconhecer vários dos aspectos do gênero e entrar no clima do romance. O Cão dos Baskerville é um livro que apresenta personagens conhecidos, mas em situações um pouco diferentes e, por isso mesmo, é tão atraente.