O Primo Basílio, de Eça de Queirós
Uma crítica à sociedade da época
Luísa é uma moça de classe média alta, casada com Jorge, um funcionário público de sucesso. O casamento dos dois parece perfeito e eles vivem bem. Até que um dia Jorge precisa viajar a trabalho e deixa Luísa sozinha e entediada em casa. Ao mesmo tempo, Basílio, primo de Luísa e seu primeiro namorado, retorna do exterior e entra em contato com a prima.
Os dois começam a se ver com frequência e rapidamente Luísa é seduzida pelo primo conquistador. Assim, eles começam um caso secreto. Tudo muda quando Juliana, uma das empregadas de Luísa, intercepta uma carta amorosa do casal e passa a chantagear a patroa. Luísa então, se vê presa na chantagem da empregada e no medo de que Jorge descubra seu segredo, ao mesmo tempo em que ainda está apaixonada por Basílio.
O Primo Basílio – O casamento perfeito?
Este é um livro provocador, que tem como intenção jogar uma luz sobre a vida da burguesia portuguesa da época. E uma das instituições que mais sofre críticas no livro é, justamente, o casamento. Luísa e Jorge são o típico casal burguês. Ela é uma dona de casa que nunca trabalhou e que tem empregadas para fazerem o trabalho de casa. Ele é um funcionário público que mantém o estilo de vida dos dois. O casal é, inclusive, alvo de inveja da vizinhança, que é significativamente mais pobre.
Visto de fora, o casamento de Jorge e Luísa parece perfeito e é essa a sensação que o leitor tem assim que mergulha na história. Quando Jorge precisa viajar a trabalho, percebemos o quanto Luísa é dependente dele, uma vez que ela rapidamente fica melancólica e entediada.
Quando Basílio aparece, tudo muda e o casamento de Luísa e Jorge começa a correr perigo. Basílio, além de primo de Luísa, também foi seu namorado na adolescência, por isso, não demora muito para que ele, com sua personalidade sedutora, conquiste a moça. O caso de Luísa e Basílio expõe não só uma crítica ao casamento tradicional, como também à classe social da qual o casal faz parte.
Inversão de papéis
A segunda parte do livro, por outro lado, é um pouco mais pesada que a primeira. Luísa e Basílio mantém o seu caso enquanto Jorge está viajando, e logo uma carta cheia de declarações dos dois cai na mão de Juliana, a empregada de Luísa. Desde o começo, Juliana é descrita como raivosa, invejosa e mal-humorada, por isso, não é surpresa quando Juliana depois de interceptar a carta do casal, começa a chantagear Luísa.
A chantagem começa de maneira leve, pedindo aumento e menos trabalho, mas vai ficando mais pesada com o tempo. Juliana passa a humilhar Luísa e exigir que a patroa trabalhe no lugar dela. Luísa, com medo de ter seu segredo exposto, obedece a empregada. É dessa maneira que Eça de Queirós inverte os papéis das suas duas personagens.
Juliana começa a se comportar como uma patroa e exige ser servida, enquanto Luísa passa a trabalhar como a empregada, tanto para servir Juliana, quanto para cuidar da casa. Essa é outra forma do autor falar sobre a burguesia, uma vez que Luísa, que não está acostumada com o trabalho, começa a sucumbir cada vez mais, deixando claro que a burguesia é ligeiramente inútil.
O Primo Basílio na mídia
O Primo Basílio já ganhou algumas adaptações. A primeira é um filme de 1959, e tem no elenco Antonio Vilar, Danik Patisson, Cecília Guimarães e Paiva Raposo. Em 1988, o livro inspirou uma minissérie, que tinha no elenco Giulia Gam como Luísa, Marcos Paulo como Basílio e Tony Ramos como Jorge.
A adaptação mais recente é o filme de 2007, que traz Débora Falabella como Luísa, Fábio Assunção como Basílio, Reynaldo Gianecchini como Jorge e Glória Pires como Juliana e é bem fiel à obra original.
O Primo Basílio é uma crítica à sociedade em que o autor viveu, mas também é um livro com leitura fácil e que prende o leitor do começo ao fim.