O Silêncio dos Outros, a importância de não esquecer
O Silêncio dos Outros acompanha vítimas e sobreviventes da ditadura Franquista espanhola que desejam que os crimes do regime sejam punidos.
A equipe do documentário entrevista sobreviventes que passaram por torturas e pessoas que desejam finalmente encontrar os restos mortais de seus parentes desaparecidos durante o regime militar.
A ditadura Franquista
A ditadura espanhola começou em 1939 com um golpe militar e durou até 1977. A ditadura inclusive sobreviveu a morte do ditador Francisco Franco, em 1975.
Após o fim da ditadura, foi concedida anistia e assim, todos os crimes da época do regime foram “esquecidos”.
Mas, naturalmente, não funcionou dessa maneira para as vítimas do regime. O documentário O Silêncio dos Outros acompanha pessoas como José Galantes, um ex-preso político que, hoje em dia, vive perto de seu torturador, que anda pelas ruas livre, sem ser reconhecido. E Maria Martín, que não conseguiu encontrar os restos mortais de seu pai, morto durante a ditadura.
A anistia e a impunidade
O Silêncio dos Outros fala muito sobre a anistia, concedida logo depois do fim do regime Franquista e que também deixou impune quem cometeu crimes na época.
As vítimas da ditadura entram na justiça em busca de que essas pessoas sejam punidas, mas todos os seus esforços são barrados, já que o governo não quer que as informações daquela época sejam divulgadas.
A anistia não gera só a impunidade, mas também faz com que as gerações mais jovens não saibam nada sobre o passado de seu próprio país, e que eventualmente desejem que o pais retorne para períodos como esse, já que não conhecem a magnitude do que é uma ditadura.
Justiça
É bom ressaltar que nenhuma das vítimas que dá seu depoimento em O Silêncio dos Outros está em busca de vingança, eles buscam apenas justiça.
A ditadura não só torturou algumas pessoas, mas também se recusa a sequer se desculpar pelo que aconteceu. No caso das pessoas que buscam seus entes queridos desaparecidos, o regime não só os matou, mas também se recusa a devolver os restos mortais dessas pessoas.
O Silêncio dos Outros remexe as feridas que não estão curadas, mas que o governo espanhol insiste em dizer que estão. O filme também fala sobre a justiça ou a falta dela.
Aspectos técnicos de O Silêncio dos Outros
O Silêncio dos Outros apresenta ao público diversas paisagens da Espanha, em fotografias muito bonitas. O filme nos leva às prisões militares, a tribunais e até ao monumento dedicado aos desaparecidos e mortos da ditadura.
Como documentário, ele funciona muito bem. O filme consegue explicar como a ditadura começou e faz uma boa retrospectiva para os leigos no assunto. A montagem do filme é muito bem feita e ajuda na compreensão do conteúdo.
Os depoimentos que aparecem começam de maneira mais leve, mas vão se tornando cada vez mais pesados, quando cada uma das vítimas começa a dar detalhes do que aconteceu na época. O Silêncio dos Outros é um filme pesado, porque fala sobre a crueldade humana.
As falas das pessoas são tristes e difíceis de ouvir, mas tudo que é narrado ali é de extrema importância, e o filme se faz muito necessário, afinal, quem não conhece a sua história está condenado a repeti-la.
O Silêncio dos Outros não é um filme de entretenimento. Ele é um soco no estômago, mas algumas vezes é disso que precisamos. O filme entra em cartaz no dia 28 de fevereiro.
O Silêncio dos Outros
2 Comentários
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Caramba, um documentário inesperado! Essas “pessoas” na capa que parecem zumbis são o que?
Elas fazem parte do monumento em homenagem ás vitimas da ditadura.