A última e derradeira temporada de Teen Wolf fecha com chave de ouro esta série que marcou uma geração. Inspirada não só pelo horror urbano juvenil, como claramente calcada em um gênero derivado de super-herói.

A parte 1 da sexta temporada já denotava os primeiros sinais de cansaço, com um enredo truncado e desinteressante. Já a parte 2 recupera o gás fazendo o velho e bom resgate de personagens e elementos vistos anteriormente. Fornecendo uma trama vigorosa, bem movimentada, com roteiro amarrado e emocionante. Mas não piegas.

A trama do fim de Teen Wolf

Anuk-Ite é a ameaça sobrenatural da vez. Um mistério ronda sua identidade, como de praxe, até a grande revelação. Com poderes à la Medusa petrificando qualquer um que olhe para ele, e atenuando o medo de cada um das maneiras mais criativas possíveis.

Mas é Gerard o grande vilão. Este que conversa mais do que nunca em uma época Trump, armando a população dominada pelo medo do sobrenatural (em Beacon Hills e em todo planeta), enquanto treina uma nova caçadora e tão implacável quanto, que carrega uma justificativa plausível.

Com elenco reduzido, a finale de Teen Wolf se fortalece em trabalhar bem os poucos personagens que lhe restaram. Sem dar objetivos ou desfechos frágeis, como já foi apresentado antes na série. Dessa maneira, além do sempre otimista e heroico Scott (que funciona muito bem com seu protagonista idealista), ainda temos um bom foco em Liam, Malia, Lydia e Mason (incluindo aí o controverso Theo, que finalmente prova seu valor). Além de um trabalho digno que gera um satisfatório fecho para os adultos, como Chris, Jordan, Melissa e Xerife Stlinski. E falando em Stiles, com a falta desse depois dos eventos da parte 1, os roteiristas conseguem o trunfo de resgatar figuras das antigas para participações mais do que especiais e pontuais, que justificam seus retornos.

A volta dos que não foram

Além do divertido melhor amigo de McCall, ainda temos a volta de Derek, Peter, Kate, Deaton, Deucalion (numa pegada meio Strick, do Demolidor), Charlie e claro, o queridinho Colton Haynes (mas senti falta de você, Kira). Até mesmo a falecida Allison é citada mais de uma vez, em momentos cruciais da trama. A temporada perde uma ótima oportunidade de juntar todos eles numa única cena de ação, seguindo a onda de Vingadores. Mas mesmo assim consegue linkar todas as subtramas em favor da história maior, de maneira que ela funcione.

No mais, nesta produção onde o forte são seus personagens, temos além do fator medo e do crescente ressurgimento de caçadores em todos os cantos, ainda uma abordagem mais crível em cima de temas atuais. Bullying, incompetência policial e um tipo adaptado de preconceito racial, que conversam diretamente com o público-alvo, sem medo de sangue (e há litros aqui, incluindo mortes brutais e surras realistas, o que me faz questionar a classificação indicativa), beijo gay e sexo, em um despudoramento bem-vindo para algo dentro do formato juvenil.

A resolução do Anuk-Ite e de Gerard são pouco satisfatórias. Mas no geral a finale consegue recuperar o fôlego das primeiras temporadas. Com um enredo enxuto e impactante, brindando seus seguidores com fanservice de sobra, algumas portas abertas e um desfecho pra lá de bacana.