Troco em Dobro – Parceria descompromissada

A trama de Troco em Dobro é uma adaptação livre do romance “Wonderland”, escrito por Ace Atkins e que continua a história do detetive Spenser, criado por Robert B. Parker e protagonista de uma série de livros. No filme, um policial com um forte código moral confronta seu superior, o agride e é condenado a cinco anos de prisão. Quando sai, conhece um colega brutamontes e seu senso de justiça o leva a perseguir crimes recentes, que apontam para ações de policiais corruptos.

Mark Wahlberg retorna sem riscos e completamente à vontade em sua quinta parceria com o diretor Peter Berg, fazendo bom uso do seu humor moderado e boa jogado para sequências de ação, mas sem os exageros característicos que estão se popularizando no cinema de ação atual, como em John Wick, Atômica e Velozes e Furiosos, calcando sua performance mais nos tipos de produção dos anos 90, ainda que isso não soe datado.

Troco em Dobro

Alan Arkin faz um vovozinho engraçado em suas poucas tomadas; Iliza Shlesinger consegue sustentar um romance porra-louca com o protagonista e a Winston Duke são dados pequenos momentos de gentileza, racionalidade e força bruta, mas fica a impressão de que poderia ter tido mais. Os vilões não demoram para se evidenciar e o grande mistério se revela ainda no segundo ato. Talvez por uma inabilidade de conseguir segurar tais pontas no roteiro, Berg aposta nas consequências ao invés da investigação. Isso não chega a ser um problema, mas abre o longa para suas previsibilidades.

De qualquer forma, Troco em Dobro entrega o que se propõe em sua ação light e meio família (ainda que levemente insana). Com tropos típicos e alguns momentos alternando entre violência gráfica (como a morte de alguns oficiais) e de comédia física (como o ataque de um cão no quintal), o filme fortalece acima de tudo um senso de familiaridade, de algo que você já viu antes, mas que vale rever com outro escopo no conforto do lar, em uma noite qualquer.