Amores Canibais – Uma distopia lisérgica…
Que não tem nada a dizer
Eu não via uma bunda protagonista tão bonita desde o ótimo ”O Cheiro do Ralo”. E me desculpem a suposta objetificação, mas é o que resta a este “filme”, e aqui coloco entre aspas, justamente porque Amores Canibais me pareceu mais um exercício criativo, do que qualquer outra coisa. Realmente, Suki Waterhouse é uma gracinha, uma coisinha meio perversa, meio ingênua, com uma bela bunda e um par de coxas, ainda que não tenha qualquer atributo na atuação. E talvez não precise na proposta aqui, que jamais sabe o que contar e nunca chega onde pretende (se é que pretendia).
A diretora Ana Lily Amirpour chamou a atenção do mundo com o elogiado ”Garota Sombria Caminha pela Noite”, então era de se esperar que seu próximo longa mantivesse algum nível de qualidade, mas não é o que acontece. Sem saber o que dizer, ela joga sua protagonista perdida num deserto desolador, quando depois é capturada por um grupo de canibais que também adora malhar (?!), para então conseguir escapar para um vilarejo benévolo – que é comandado por um líder rodeado de grávidas armadas (?!).
Então a mocinha mata uma mulher na frente da filhinha sem muito propósito, para em seguida assumir responsabilidade sobre a pequena e se deparar com seu canibal, que acaba virando seu parceiro (?!) e… Bem, acho que me perdi. Não existe uma narrativa clara em Amores Canibais. Personagens surgem e desaparecem do nada (vários deles), premissas são propostas, mas morrem pelo caminho (inúmeras delas) e outras aleatoriedades ocorrem.
Amores Canibais
Jason Momoa e Keanu Reeves tem papéis que nunca ficam claros exatamente e não dá para saber se eles eram amigos da diretora ou se precisavam pagar o aluguel. Jim Carrey, Giovanni Ribisi e Diego Luna tem pontas inacreditavelmente injustificáveis e que não servem à narrativa em momento algum. Quando se apresenta nomes fortes como esses, é de se esperar que algo venha de seus personagens. Entretanto, são apenas figuras perdidas não fazendo coisa com coisa. Carrey mesmo é quase um easter-egg, pois surge irreconhecível.
A proposta do canibalismo, seguido de vingança, até tinha um potencial, mas é desperdiçado com a ideia de sobrevivência no deserto, que também é abandonada por… não sei. O filme também não sabe, os atores, em suas atuações pouco inspiradas e monótonas, menos ainda. A produção é quase inteira sem diálogos, o que torna as mais de 1h40 de rodagem uma punição sem fim. Quando falam, porém, não tem nada a dizer.
Amores Canibais não vale o tempo de ninguém. Mas se você, assim como eu, acabou caindo no meio dessa sessão, ao menos aproveite a bela bunda e coxas de Suki Waterhouse. O destaque que a diretora dá para essas partes da atriz durante todo o longa não é gratuito. Ao final de uma história sem pé nem cabeça, a única coisa que se justifica é o close nesse lado.