Missa da Meia-Noite
Tenha fé, Mike Flanagan nunca desaponta e entrega aqui mais uma história arrebatadora de horror raiz, muito drama e grande desenvolvimento de personagens, como sempre faz (vide Ouija 2, Hush e Jogo Perigoso). Essa obra-prima não supera A Maldição da Residência Hill, mas é muito mais envolvente do que A Maldição da Mansão Bly.
Colocando personagens cativantes e trágicos isolados em uma ilha norte-americana, Flanagan cria um drama sobrenatural sem igual, que por mais que empreste elementos de um horror clássico, o faz de maneira única, repleto de saídas improváveis. Falando sobre fanatismo religioso, intolerância religiosa, fé ou a falta dela, redenção e família, Missa da Meia-Noite consegue abarcar tudo com excelência, muitos e muitos diálogos (o que pode cansar alguns desprevenidos ou aqueles que só buscam sustos fáceis) e mostra uma diversidade, não somente em seu elenco de peso, como também nos temas que aborda.
Missa da Meia-Noite – cuidado, spoilers
Caminhando agora pelo terreno dos spoilers, em meia hora do primeiro episódio (de 7), eu já havia sacado que a minissérie falava sobre vampiros. Emprestando os símbolos mais clássicos desse tipo de narrativa, Flanagan consegue atrelar de maneira genial os signos cristãos aos tropos vampirescos (como o corpo e o sangue de Cristo, o Nosferatu visto como Anjo do Senhor etc).
Não é a primeira vez que vemos essa abordagem, mas a maneira como ela é feita é que faz todo o diferencial. Com exceção das maquiagens fakes (como aquela da moça de 27 se passando por uma senhora de 90), não há nada em Missa da Meia-Noite para se reclamar, mas sim agradecer e louvar ao deus das narrativas.
Mike Flanagan honestamente merece um altar só pra ele.
https://www.youtube.com/watch?v=cspyDWJfly8&ab_channel=NetflixBrasil