Patrulha do Destino, um passo para o mundo dos heróis
A série certa no serviço errado...
Diferentemente das outras séries disponíveis, Patrulha do Destino veio sem compromisso. A série surpreende pois consegue aproveitar seus personagens para mostrar uma história que mistura mistério e super-heróis. Tudo isso em um tom sarcástico e psicodélico. Ou seja, uma fórmula que de cara já parece interessante.
É como acompanhar um catado de elementos de Legion, Scott Pilgrim e American Gods junto com o já conhecido mundo de heróis visto mais recentemente em Titãs e Umbrella Academy. E aí, meu amigo, a farofa fica que é uma beleza! Fazendo uma bela condução dos poderes e uma roteirização perfilada, a série conduz bem a estrutura de ficção proposta sem carregar o peso resolutivo necessário. Se a Patrulha vai vencer ou não, ninguém se importa.
Mas não confunda a série com Powerless. Nossa equipe de problemáticos está longe de representar uma Sitcom, apesar dos palavrões confortáveis distribuídos em surround que no decorrer dos episódios vão tornando os laços mais estreitos. Aos poucos, vamos nos aprofundando nas dificuldades dos personagens. E também encontrando fragmentos menos “super” deles em nós mesmos. Pelo menos ali, se justificam, em meio aos flashbacks com revelações do passado que são tão interessantes quanto o período atual.
Patrulha do Destino
Junto a espontâneas viagens no tempo, vamos descobrindo como os heróis se tornaram aquilo que são. Um elemento importante para explicar as imperfeições que os tornam tão cativantes. Cada um tem um problema (ou vários, na verdade) que os torna ainda mais humanos do que estamos habituados. Isso permite que possamos participar dessa transição rumo a resolução que cada um dará.
A equipe principal é formada por 5 membros liderados por Niles Caulder (Timothy Dalton, o Chefe), um homem supostamente comum que construiu um lugar para abrigar e cuidar de pessoas com poderes. Parecido com a equipe dos X-men. Portanto, elementos como “Professor” e “Escola” não parecem estranhos mas, diferentemente dos mutantes de Charles Xavier, não há um compromisso social firmado. Não tem Wolverine e o primeiro vilão dos caras parece ser um dos mais poderosos que você vai ver na tela.
É uma mistura de Thanos com Manopla (Vingadores) com Kilgrave (Jessica Jones), em parte por possuir habilidades que permitem alterar o espaço/tempo, em parte por arquitetar e torturar mentalmente seus inimigos. Num é iguaaaal esses vilões, mas é uma parada louca. Expõe sua originalidade e te obriga a parar o que você está fazendo e ir conhecer o Sr. Ninguém, ou será narrador?
Os Personagens
Como se não bastasse os personagens fantásticos surgirem entre os episódios, para tornar a trama e os efeitos especiais ainda mais divertidos, os próprios protagonistas fazem o show com seus estilos. Alguns podem se interessar pelos palavrões e dilemas familiares que Cliff Steele despeja na série, às vezes até atenuada diante da condição de ter se tornado um robô e perder contato com sua família, a qual muito se arrepende de não ter sido um pai melhor a tempo.
Outros podem se identificar com Rita Farr, uma atriz que agora é uma mulher-elástica porém mais para um tipo de mulher-gosma. A situação indica a modificação que seu corpo sofre quando ela se abala psicologicamente, enquanto tenta se encontrar em uma nova identidade onde os luxos e fama ficaram para trás. Até aqui, Hollywood não é para mutantes.
Larry Trainor era um piloto de aviões que, após um acidente, sobrevive com algo dentro de si. Uma espécie de energia que tem vida própria, absorvida ao atingir um ponto alto no espaço junto a uma explosão. Além das dúvidas sobre quem compartilha o corpo consigo, o Homem-Negativo que agora emana radioatividade precisa viver enfaixado. Assim, ele terá que lidar com incertezas que vão além daquelas com o seu novo hospedeiro.
Leia aqui sobre The Umbrella Academy
O famoso Cyborg também compõe a nossa equipe, sim, aquele da Liga da Justiça. Porém em uma versão mais jovem, tipo um Cyborg Kid, que terá que lidar com mistérios de seus passado cibernético. Quanto dele ainda é humano e o quão reais são as informações que seu cérebro possui. Junte isso a um pai cientista misterioso que atualiza o seu firmware e bote o processador para fritar.
Por fim, lindamente complementando esse quinteto de complexados, Diane Guerrero faz o papel de Kay Challis ou Jane. Ela é uma garota com 64 personalidades distintas que também possuem super poderes diferentes. As maquiagens, diálogos e interpretações que variam em segundos já convencem muito bem cada mente diferente que vive dentro dela. Mas, além disso, os efeitos especiais são introduzidos na dose certa, complementando de maneira mágica as transições de poderes.
Doom Patrol
Se você for olhar a HQ de 1963 do time Arnold Drake, Bob Haney e Bruno Premiani, vai perceber que os personagens estão lá, mas a construção é completamente diferente. Não há pressa em brincar com os poderes, efeitos especiais e a insanidade. Mesmo assim, a cada episódio algo novo surge para confundir e cativar. Ou seja, uma combinação confusa que você precisa ver para acreditar.
Patrulha do Destino estreou no serviço de streaming da DC Universe em 15 de fevereiro de 2019, com o último episódio sendo lançado em 24 de maio de 2019. Como o serviço não é a amplamente divulgado por aqui, não é todo mundo que acaba tendo acesso à série. Hoje o serviço oferece acesso a Titãs, Justiça Jovem e terá em breve O Monstro do Pântano, Harley Quinn e Stargirl. Espero que novas séries surjam e que assim como Titãs, possa rolar a exibição dessa série em outros serviços, afinal, eu me diverti e aguardo a segunda temporada!