A Esposa, dedicação ou anulação?

A Esposa é inspirado no livro The Wife, de Meg Wolitzer. Quando o marido de Joan (Glenn Close), Joe Castleman (Jonathan Pryce) recebe a notícia de que será homenageado com o prêmio Nobel de literatura, ela começa a questionar os rumos que sua vida tomou.

Durante a viagem para Estocolmo, os dois encontram Nathanial Boone (Christian Slater), um escritor que quer escrever uma biografia sobre Joe e que suscita ainda mais dúvidas em Joan.

Joan e Joe
Joan e Joe

Dinâmica familiar

Logo que A Esposa começa, somos apresentados a família Castleman e vemos como funciona a dinâmica entre os seus membros. Joe, o pai, é um famoso escritor. A mãe aparenta ser uma dona de casa que passa todo o seu tempo cuidando do marido. O casal tem dois filhos: Susannah (Alix Wilton Regan), que espera seu primeiro filho e David (Max Irons), que almeja ser escritor como o pai.

Fica muito claro que tudo o que acontece na família gira em torno de Joe. Seja a extrema dedicação de Joan; a admiração que os filhos tem por ele; ou a glória que ele recebe de pessoas de fora do círculo familiar. E isso, naturalmente, causa alguns conflitos. David, por exemplo, se sente constantemente humilhado pelo pai. Ele quer desesperadamente impressionar Joe, mas geralmente só sai frustrado de qualquer conversa que os dois tenham.

Joan, que sempre cuidou de Joe, também se sente frustrada. Quando os dois estão em jantares com outros escritores, Joan é apresentada por Joe como “minha esposa” e fica relegada à conversas supérfluas. Em diversos momentos, Joan sente que anulou sua vida e seus sonhos, para que Joe pudesse realizar os sonhos dele.

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Nathaniel conversa com David

Tudo isso vai se acumulando, e toma uma proporção ainda maior quando Joan percebe que Joe não dá o valor que ela merece. Embora ela faça diversas concessões por ele.

Egoísmo

Um tema recorrente no filme é certamente o egoísmo de Joe. Em certos momentos, assistimos ao começo da vida do casal, e percebemos que Joe é um jovem ambicioso, e que Joan também o é. Mas ao longo do tempo, ela parece disposta a aceitar um papel menor, desde que ele não a abandone.

Mais tarde, Joe se sente no direito de cobrar de Joan o fato dele ter cuidado da casa e dos filhos em alguns momentos, como se essas também não fossem obrigações dele.

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Glenn Close rouba a cena

Nesse contexto, o filme soa muito moderno, já que estamos em uma época onde as mulheres exigem cada vez mais protagonismo. Seja na vida pessoal, seja em papéis no cinema. A Esposa tem as duas coisas. A protagonista do filme é com certeza, Joan; e acompanhamos os momentos em que ela cede esse lugar a Joe. E assim, dentro da trama, ela procura o seu protagonismo na sua própria vida.

O longa também fala muito sobre machismo. Seja aquele escancarado, seja aquele que está tão enraizado que soa como uma coisa natural. Como por exemplo, o fato de Joe achar que foi um bom marido, mesmo que não tenha feito mais do que a sua obrigação e que faz parte do trabalho de Joan cuidar dele, como se ele fosse uma criança.

Aspectos técnicos de A Esposa

A Esposa não é um filme extravagante. Ele tem poucos cenários, e a maioria das cenas se passa no hotel onde o casal e o filho estão hospedados. A fotografia, assim como a direção de arte, puxa para tons mais neutros, como brancos e pretos. Os figurinos que se destacam são certamente os que mostram o casal quando eram mais jovens, que fazem referências às décadas de 50 e 60.

O filme se passa durante a entrega do prêmio Nobel
O filme se passa durante a entrega do prêmio Nobel

A trama do filme, no entanto, é extremamente evolvente e não demora muito para que o espectador esteja completamente preso à história. A Esposa não usa de muitos artifícios técnicos, isso porque é em grande parte, um filme de atores e personagens. Toda a emoção que precisamos sentir vem dos personagens extremamente bem escritos e claro, muito bem interpretados.

O elenco se sai muito bem e está muito seguro na pele de seus personagens. Jonathan Pryce funciona muito bem como Joe e de fato interpreta um homem que acredita ser um ótimo marido e um ótimo pai. Mesmo que ele seja egoísta e não seja grato por tudo que sua família faz por ele. Mas quem chama mesmo a atenção é a sempre ótima Glenn Close.

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Joan

Ela começa o filme como uma mulher submissa e quieta e então, passa por um período, onde começa a se questionar se fez as escolhas certas. E mais tarde, no final do filme, conseguimos ver até que ponto a atuação de Close é capaz de chegar.

A Esposa fala de um tema extremamente moderno e discute a importância do protagonismo feminino, não só no cinema, mas também na vida. O filme entra em cartaz no dia 10 de janeiro.

A Esposa

Nome Original: The Wife
Direção: Björn Runge
Elenco: Glenn Close, Jonathan Pryce, Max Irons, Christian Slater, Harry Lloyd, Annie Starke
Gênero: Drama
Produtora: Silver Reel
Distribuidora: Pandora Filmes e Alpha Filmes
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Um Comentário

  1. O filme parece expor um cenário bem comum e nem é necessário ser um escritor tão famoso, fiquei curioso para saber o final rsrs

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