A História Verdadeira, caso real vira holofote para crime
E celebra seus atos em tom documental
Em A História Verdadeira, Michael Finkel, jornalista do “New York Times”, perde o emprego quando é revelado que ele não foi totalmente honesto em uma reportagem de capa. Seu mundo desmorona ainda mais quando ele descobre que foi vítima de roubo de identidade. Um homem chamado Christian Longo assume o nome de Finkel e é acusado de assassinar sua própria família. Com a intenção de reconstruir sua reputação, Finkel se encontra com Longo para ouvir a sua história.
Para começar, é importante pontuar que Rupert Goold é desprovido de qualquer talento cinematográfico. O diretor tenta transmitir uma sensação de documentário, ou “docudrama” como é chamado no meio, mas o único resultado que atinge é o daquelas reproduções mequetrefes de telejornais. A direção de arte também não ajuda e toda a palidez e excesso de branco e limpidez na tela deixam tudo ainda mais artificial. E tanta artificialidade assim destoa bastante da proposta, de uma produção que tinha potencial para algo no nível de A Vida de David Gale, mas passa completamente longe disso.
A História Verdadeira
Com um diretor tão inapto e um roteiro truncado, há pouco o que se salvar aqui, a não ser o caso real, que mantém certo suspense. Porém, depois de tanta enrolação no segundo ato, fica evidente que o longa teria funcionado melhor como curta (ou como um documentário mesmo), já que a trama se alonga em vários “nadas” entre jornalista e suspeito. James Franco e Jonah Hill até se esforçam, mas a direção pobre não favorece seus papéis. Felicity Jones, então, parece deslocada e tem pouco a fazer.
Sem spoilers, mas durante os créditos, é revelado que Finkel e Longo ainda se correspondem. Durante o filme, fica evidenciado que, acima de tudo, o criminoso só queria holofotes mesmo. Ele conseguiu e viveu para se assistir nas telonas interpretado por um galã, algo que certamente vai inspirar futuros criminosos. Hollywood sempre foi o maior dos palcos para eles.