Esquadrão 6, basicamente, um filme de GTA
Essa afirmação se justifica nos primeiros vinte eletrizantes minutos de Esquadrão 6, quando acompanhamos uma perseguição pelas ruas de Roma. Ali há obras de arte sendo destruídas por tiros e carros atropelando cidadãos inocentes. É a melhor sequência dessa nova criação de Michael Bay. Quer você goste ou não da assinatura do diretor, ele não se envergonha do que é e como faz as coisas. Assim, repete sua fórmula à exaustão, em um longa com cara de mais do mesmo.
O filme segue a história de seis indivíduos que fingem a própria morte para formarem um esquadrão de vigilantes que visa derrubar criminosos importantes, incluindo um ditador de um país fictício (obviamente no Oriente Médio). Essa premissa já foi melhor trabalhada no primeiro e divertido Os Mercenários. Mas a escola que Bay segue por aqui – criada por ele próprio nos anos 90, aliás –, é a de Velozes e Furiosos, ainda que não guarde o mesmo charme da turma de Vin Diesel.
Esquadrão 6
Novamente com um roteiro pífio em mãos, muitas frases de efeito, explosões sem fim e piadinhas que quase nunca funcionam. Afinal, este é um autêntico “filme de Michael Bay”, mais até do que suas últimas produções. De novidade mesmo, somente a classificação indicativa para maiores de 18, que permitiu ao diretor mostrar miolos voando para a tela, cabeças e corpos sendo arremessados com extrema violência e um alto grau de realismo, que a Netflix já avisa antes do fade in para não afetar um público mais sensível.
É claro que tudo isso é realizado com muito humor negro, estilizações narrativas e experimentações alternativas de filmagens, que contribuem a todo momento para sequências enervantes de ação, além daquela da sequência, como uma em um edifício e a do iate no clímax. Nada disso segura a previsibilidade do enredo, das soluções próximas do desfecho, nem da completa falta de carisma que os personagens apresentam.
Mais do mesmo
Sustentado pelos mesmos roteiristas de Deadpool (o que explica a pobreza do texto), Ryan Reynolds faz o protagonista canastrão, milionário babaca que não tem objetivo por trás de suas ações, menos ainda de reunir uma equipe, apenas porque quer “salvar o mundo do mal” e ponto. Corey Hawkins até tenta ser o coração do filme, mas ainda é verde demais para isso. Adria Arjona não tem nada para fazer por aqui além de ser um rostinho bonito, compartilhado pela outra beldade do grupo, na figura de Mélanie Laurent, que ao menos guarda os melhores disparos realizados na trama. Cabendo então aos divertidos Ben Hardy e Manuel García-Rulfo alguns dos poucos melhores momentos.
Existem dezenas de filmes pipoca por aí, com explosões, corpos delgados e roteiro previsível, e obviamente que o público não espera uma obra de Shakespeare por trás deles, mas depois dos últimos Missão Impossível e John Wick, não dá mais para ser mais do mesmo, precisa ir além. Esquadrão 6 estaciona nesse sentido e deixa um monte de corpos pelo caminho, mas o público não vai se importar com nenhum deles, assim como não se importará com os protagonistas. Michael Bay talvez, nem quisesse isso mesmo, por isso deles não terem nem sequer nomes. Aqui é a ação pela ação e o que vier é lucro.