Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat
A bíblia repaginada
Em uma escola, uma mulher (Maria Friedman) começa a contar a história bíblica de Joseph (Donny Osmond), filho preferido de Jacob (Richard Attenborough), que é vendido como escravo por seus irmãos. Mas graças a sua habilidade de interpretar os sonhos, Joseph consegue dar a volta por cima e se tornar uma figura importante no Egito.
A origem de Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat
Este é o segundo musical escrito pela dupla Andrew Lloyd Webber e Tim Rice. A primeira apresentação aconteceu em uma escola, em 1968 e, em 1969 as músicas foram lançadas em um disco, mas as vendas não foram boas.
Diferentemente de boa parte dos musicais da dupla, Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat não foi um sucesso no começo. Só ganhou sua primeira montagem amadora nos anos 1970, depois do sucesso de Jesus Cristo Superstar, outro musical de Webber e Rice. A primeira montagem profissional então, só aconteceu em 1972.
A peça teve várias mudanças durante os anos e chegou ao West End em 1973 e na Broadway em 1982. Ela ganhou montagens nos anos 1980, 1990, 2000, 2010 e 2020 mas, em 1999, ela foi filmada no formato de um longa metragem.
O filme
Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat é um filme, mas não é exatamente uma versão para o cinema do musical, isso porque é, basicamente, o musical filmado. O filme começa com uma narradora contando uma história para um grupo de crianças, e essa história é justamente a de José, presente na bíblia.
Claro que assistir ao filme não é a mesma coisa que assistir a versão para o teatro. O filme não se passa em um só lugar, os atores se movimentam e ele até tem alguns efeitos especiais que não seriam possíveis de produzir no palco, mas a linguagem ainda é muito teatral.
Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat ainda é muito diferente daquela séries de musicais atuados e filmados ao vivo, como Hairspray Live!, A Noviça Rebelde ao Vivo! e Peter Pan Live!, já que a ideia por trás dessas produções é justamente filmar um musical ao vivo. Este não é filmado ao vivo, é um filme que tem uma boa produção. Ele fica ali no meio termo entre uma adaptação para o cinema de um musical pensado originalmente para o teatro e uma filmagem de uma montagem da peça.
A trama
A trama tem inspiração direta na bíblia, pois a história apresentada é a história de José, por isso, não é exatamente inovadora, mas tem suas reviravoltas. O musical segue a mesma tendência de “Jesus Cristo Superstar”, que também dá uma nova roupagem a um personagem da bíblia. Aqui Joseph é apresentado como um sujeito carismático e simples, quase como um hippie bem apessoado, mais ou menos como Jesus Cristo é apresentado no outro filme.
Essa mudança – e a adição de músicas – traz um dinamismo a uma história antiga e que muitas vezes é considerada chata e monótona. Pode-se falar várias coisas dos musicais bíblicos de Webber e Rice, mas eles não são monótonos ou chatos. Isso também permite um reconhecimento com esses personagens, pois tanto Jesus, quanto Joseph, são retratados como outsiders e é muito fácil se ver em um personagem assim.
A diferença mais óbvia entre as duas peças, no entanto, é o tom. “Jesus Cristo Superstar” é claramente um musical para adultos, repleto de cenas fortes e de números musicais com muita dramaticidade. Já Joseph… por outro lado, é uma produção para crianças. O tema é mais leve, as músicas mais divertidas e a história mais bem explicadinha.
Aspectos técnicos de Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat
Temos aqui uma produção que fica bem no meio termo do cinema e do teatro. Não é uma adaptação de uma peça para o cinema porque mesmo que tenha algumas alterações de cenários e alguns efeitos especiais, ainda é um filme um tanto quanto restrito a poucas ambientações. As atuações também são exageradas – muito mais exageradas do que em um filme musical – como costuma acontecer no teatro, onde todas as pessoas na audiência, não importa em que lugar elas estejam, precisam entender o que acontece no palco.
A produção não é uma filmagem de uma peça também, pois a câmera se move muito e não existe um palco. A impressão que se tem é que a ideia era fazer uma adaptação para o cinema, mas o orçamento era pouco e o filme ficou no meio termo das duas coisas. Não que isso seja uma coisa necessariamente ruim, é só difícil de caracterizar.
Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat é um musical pensado para o público infantil, então, sua trama e números musicais são bem dinâmicos. Ele está bem longe de um filme bíblico, já que os personagens são modificados para caberem dentro da trama que Webber e Rice querem escrever. O filme, no entanto, apresenta uma versão interessante para uma história já batida e que é considerada por muitos, chata e tediosa.
E o que mais?
Os figurinos são bem feitos, mas assim como toda a ideia por trás do musical, não são extremamente realistas em relação à época em que a história se passa. Eles têm uma característica bem típica dos hippies. Também é assim que diferenciamos o que se passa na trama de Joseph e o que se passa na escola, onde a história está sendo contada.
O filme conta com boas atuações, que mostram grande talento e trabalho em frente a atuação, o canto e a dança que o musical apresenta, mas como é tudo um grande espetáculo, não é possível colocar tanto reparo em alguém em específico.
As músicas
A trilha sonora é a mesma do musical. Entre as músicas que fazem parte dela estão Any Dream Will Do, Joseph’s Dreams, One More Angel In Heaven, Go, Go, Go Joseph, Who’s The Thief e Joseph All The Time.
É óbvio que as músicas também têm inspiração bíblica, mas elas soam como músicas típicas dos anos 1960 e 1970, e como o figurino e a própria trama, elas têm um ar meio hippie. Além disso, são animadas e divertidas, o que atrai crianças e adultos.
Os números musicais seguem o mesmo pretexto, a impressão que se tem é que Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat é um produto dos anos 1970, mesmo que tenha sido produzido nos anos 1990, e que os personagens estão apenas participando de um grande festival de música, o que é sem dúvida nenhuma, uma maneira, pelo menos, inovadora de contar histórias bíblicas.
Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat usa de um personagem da bíblia para falar sobre a época que foi escrito e dessa maneira moderniza uma trama que já estava batida e até entediante.