La Cama, o dia a dia de um casal que se afasta
La Cama retrata um casal (Alejo Mango e Sandra Sandrini) que se prepara para deixar a casa onde viveram a vida toda. Enquanto isso, acompanhamos o dia a dia dos dois.
Distância
O que La Cama na verdade retrata é a distância entre Mabel e Jorge, o casal de protagonistas. Os dois parecem não se entender mais e isso aparece no filme.
A câmera, inclusive, nunca se aproxima do casal, o que deixa não só Mabel e Jorge longe um do outro, mas também os espectadores longe do casal. O que acompanhamos é basicamente uma casa que se torna cada vez mais vazia, enquanto os dois tentam se encontrar.
O filme dá a entender que existe uma tensão entre seus protagonistas. Em alguns momentos, parece que isso será esclarecido, mas na verdade, isso nunca acontece, o que prejudica o filme, já que o público nunca chega a nenhuma conclusão do propósito por trás das ações de Mabel e Jorge.
Casa vazia
Outro ponto que vem à tona no filme é a casa quase vazia em que o casal vive. Em determinado momento do filme a gente entende que eles têm filhos que já não moram mais com eles e que, por isso, a casa se tornou grande demais.
A sensação de casa vazia permeia o filme inteiro, já que vemos ambientes com cada vez menos objetos e móveis, conforme o casal vai empacotando suas coisas. Assim, ao longo do filme, essa sensação vai se tornando cada vez mais opressora.
No entanto, não fica claro, em momento nenhum, exatamente qual é o motivo de Mabel e Jorge estarem saindo da casa, o que mais uma vez, prejudica o filme.
Aspectos técnicos de La Cama
La Cama é filmado quase como um documentário. O filme todo se passa dentro da casa do casal, em vários cômodos diferentes. A câmera nunca se aproxima dos dois e sempre os vemos de longe, dando a sensação de que não os conhecemos, embora a gente passe bastante tempo acompanhando os dois.
O que a diretora mostra em La Cama são apenas alguns dias na vida do casal, mas sem muitas reviravoltas e sem nenhuma trama mirabolante. O filme insinua um conflito entre os dois, mas isso não fica claro em nenhum momento.
O fato do longa não ter muitos cortes, usar muitos planos abertos e não ter nenhum ponto de virada, o torna bem monótono. Então, depois de um tempo, se torna chato acompanhar Jorge e Mabel.
Leia aqui sobre o filme Sobibor, baseado em fatos reais
É importante ressaltar que este é um filme com muitas cenas de sexo, quase explícitas, e também cenas de nudez. O sexo no filme é retratado de maneira bem natural e realista. Um ponto positivo é que ele retrata pessoas reais, que nós poderíamos encontrar na vida.
Nesse aspecto, tudo no filme se parece muito com a realidade, o que é certamente um ponto positivo. La Cama é um filme intimista sobre o amor, mas do ponto de vista do doloroso processo de dissolução. Por detrás do drama sentimental, lidamos também com outras subjetividades: o medo de envelhecer, o medo da solidão, o declínio do corpo, a nudez. A narrativa é guiada por esses corpos já velhos e enrugados – a proximidade, distância e vibração que ainda existe entre eles.
La Cama entra em cartaz no dia 25 de abril.
De quem é a frase no início do filme?