Predadores Assassinos, embate entre humano e natureza

Em Predadores Assassinos, Hayley (Kaya Scodelario) é uma jovem nadadora que vive na Flórida. Quando toda a população precisa evacuar o local em função de um enorme furacão, Hayley resolve ficar e procurar seu pai Dave (Barry Pepper), de quem ela não tem notícias há um tempo.

Quando ela o encontra, descobre que ele está ferido, no porão da antiga casa da família. Assim, conforme o furacão se aproxima e o nível da água começa a subir, Hayley e Dave precisam lutar contra outro inimigo: os crocodilos.

Predadores Assassinos e a família desestruturada

Antes da chegada do furacão e de Hayley e o pai se verem presos no porão, fica claro que aquela é uma família completamente desestruturada. Hayley parece viver sozinha e ter dificuldade em manter contato com o resto da família. Ela não fala com o pai há algum tempo e só resolve ir atrás dele quando sua irmã (Morfydd Clark) telefona dizendo que não consegue contato com o pai.

Quando Hayley sai à procura do pai e fala consigo mesma durante o caminho, percebemos que ela o acha teimoso e uma pessoa que se coloca em situações perigosas sem nenhuma necessidade. Conforme o filme vai se desenvolvendo e vamos conhecendo melhor os personagens, fica mais do que claro que Hayley se ressente do pai, seja em função da sua criação, seja em função do divórcio dele e da mãe e que Dave não é muito bom em expressar seus sentimentos.

Então, a princípio, Predadores Assassinos é um filme que fala sobre uma família desestruturada que precisa se reencontrar. A tragédia que o filme apresenta é só o meio para isso.

É realista?

Quando Hayley encontra seu pai no porão, ferido e acuado por dois crocodilos, não demora muito para que ela se encontre na mesma situação. Ou seja, presa no porão, com o nível da água subindo a cada minuto e com dois crocodilos rondando a espera do primeiro deslize.

É evidente que a partir daí o filme segue uma premissa muito básica: o que de pior pode acontecer? Hayley e o pai vão dar de cara com os crocodilos diversas vezes, a água vai continuar subindo e outros bichos como ratos e aranhas também vão dar as caras.

Agora, existe alguma realidade em Predadores Assassinos? Sim, mas ela é um tanto fantasiosa. O filme se passa na Flórida, que é um lugar com uma grande quantidade de crocodilos, essa é, inclusive, uma das atrações do local. Também é uma localização que sofre com furacões, então, a trama principal do filme seria sim, possível.

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Levando em conta que Hayley é uma nadadora profissional, também faria sentido que ela pudesse nadar em grandes longitudes de maneira rápida, como acontece no filme.

Agora as interações humanas com os crocodilos soam um pouco absurdas. Hayley é mordida algumas vezes e sai apenas com leves arranhões. Não que isso seja um grande prejuízo para o filme, afinal, este é um filme que faz parte de um subgênero com animais atacando humanos, onde a realidade não é muito importante. O interessante é justamente ver a interação entre os humanos e a criatura em questão. Nesse aspecto, Predadores Assassinos funciona muito bem.

Aspectos técnicos de Predadores Assassinos

O filme não aposta tanto no roteiro, embora seja notável que exista um cuidado em relação a isso, e escolhe apostar nos efeitos. Ele funciona bem nesse aspecto, a plateia tem uma boa visão dos crocodilos que atacam Hayley e Dave, assim como dos fenômenos da natureza que são colocados na trama. Embora seja possível perceber que os crocodilos são frutos de computação, eles são bem feitos.

Predadores Assassinos também consegue deixar o público angustiado, tenso e preso ao que acontece (e o que ainda não aconteceu) na tela, que é o suficiente para um filme de suspense ou terror que nos mostra o embate entre o ser humano e o mundo animal.

Outro ponto interessante do filme é que ele não pinta a personagem de Kaya Scodelario como “mocinha” e nem abusa da sua beleza física. A trama nos apresenta uma personagem em situação limite, lutando pela vida e deixando seu instinto de sobrevivência aflorar. Seria absurdo vê-la extremamente arrumada e maquiada. Nesse aspecto, o longa faz um bom trabalho. O figurino é realista, a atriz não usa nenhuma (ou bem pouca) maquiagem e o cabelo não está nada arrumado. Fica claro que não existiu nenhuma vaidade na caracterização da personagem e é interessante ver uma personagem realista assim que não se aproveita da aparência da atriz.

Predadores Assassinos não tem uma grande história e tem momentos bem absurdos que farão qualquer biólogo se contorcer na cadeira, porém, dentro do que se propõe é um bom filme e certamente vai agradar o público que procura um longa nesse estilo.

O filme entra em cartaz no dia 26 de setembro.