Mulher, o doc que indaga sobre o que é ser mulher
Mulher apresenta o depoimento de 2000 mulheres dos mais variados países e das mais variadas culturas, sobre autoestima, violência, sexualidade, maternidade e sobre o que é ser uma mulher.
O que é mais interessante no documentário é a maneira com que os diretores Anastasia Mikova e Yann Arthus-Bertrand retratam o mundo feminino. O documentário nos apresenta mulheres de vários países, culturas e religiões diferentes e dessa maneira nos apresenta, ou pelo menos tenta nos apresentar, um panorama do que é ser mulher em todos os lugares do mundo.
O filme nos apresenta mulheres da França, Brasil, Estados Unidos, China, Arábia Saudita e uma série de outros países. É justamente por isso que temos acesso a histórias muito diferentes, ao mesmo tempo, que acompanhamos uma mulher falando sobre a dificuldade de manter uma carreira depois que se tornou mãe, também acompanhamos mulheres falando sobre circuncisão feminina e sobre casamentos forçados. Isso dá a plateia a sensação de que Mulher consegue de fato falar sobre e com todas as mulheres.
Mulher – Pontos de vista e assuntos diferentes
O que aumenta essa situação ainda mais é o fato de que o documentário aborda diversos assuntos. Sexualidade, autoestima, violência contra a mulher, relacionamentos, assédio, aborto e maternidade são alguns dos temas trazidos à tona no documentário.
Para as mulheres que estão na plateia é impossível não se relacionar com pelo menos uma das histórias que são apresentadas no filme, o que é ótimo. Mulher consegue tocar as espectadoras porque elas conseguem se ver ou se imaginar naquelas situações.
Essa técnica de falar sobre vários assuntos deixa a plateia pensando que o documentário abarca todas as situações e histórias na vida de uma mulher, embora isso não seja completamente verdade.
Aspectos técnicos
Claro que não é exatamente verdade que o doc aborda todos os temas que circundam as mulheres, mesmo porque isso seria impossível. A obra cita exemplos através de algumas histórias, mas naturalmente que cada história é particular e cada mulher vê o mundo e os aspectos trazidos no filme de uma maneira.
O que acontece quando se assiste Mulher é que é possível se identificar com as histórias que as entrevistadas contam porque elas têm pontos em comum com a vida de boa parte das mulheres. E mesmo quando não é esse o caso, é possível sentir empatia pelas mulheres.
Em muitos aspectos, este é um documentário clássico, pois mostra diversas mulheres sendo entrevistadas, olhando para a câmera. Por outro lado, como não aborda um único tema, não vemos os diretores fazendo perguntas às essas mulheres e temos a sensação de que as entrevistadas simplesmente saíram falando, quase como uma sessão de terapia. Isso dá uma leveza ao documentário, afinal, não é nada muito austero ou rígido.
Pelo mundo
Uma ideia extremamente interessante é convidar mulheres de todos os lugares do mundo e filmá-las. Por isso, temos uma visão do que é ser mulher em vários lugares diferentes. Embora alguns temas sejam constantes na vida de todas, vemos que ainda é uma experiência diferente em cada cultura. O documentário é falado em várias línguas, o que é extremamente interessante.
Diferentemente de muitos documentários, Mulher não parece querer provar um ponto de vista, mesmo porque seria insistir em assuntos, que embora devam ser falados, já são de conhecimento geral. O filme não quer falar sobre feminicidio ou sobre a violência contra as mulheres, ou sobre o assédio, ou sobre a dupla jornada e sobre toda a pressão que existe em uma mulher quando ela se torna mãe.
Embora todos esses assuntos apareçam no documentário, o filme não dá uma opinião sobre isso, deixando com que as entrevistadas o façam e assim dá, finalmente, voz às mulheres. Mulher chega aos cinemas no dia 12 de março.